- CURRÍCULO
A escola tem como um de seus objetivos promover o desenvolvimento dos sujeitos e a “interação” social destes. Podemos afirmar que na escola ocorre um processo de humanização – apesar de tal processo não ocorrer somente neste espaço. E neste processo de humanização, as interações entre professores e alunos se tornam necessárias, pois é o professor o responsável direto pela mediação de tal processo no espaço escolar. (LIMA, 2007).
E é na seleção, organização e sistematização desses conhecimentos historicamente constituídos e acumulados – que se supõe que os alunos devem aprender – que começamos a perceber a definição e as funções do currículo escolar. O ingresso dos alunos – principalmente os mais pobres – nas instituições escolares possui alguns objetivos claros. Dentre estes, encontramos a necessidade de acesso desses alunos a determinados bens culturais como literatura, artes, conhecimentos teóricos e ciências. Esse acesso não se limita aí, também avança sobre os meios e tecnologias de informação e comunicação como o computador.
Um currículo preocupado com os reais objetivos da escola, se preocuparia, também, em possibilitar tais acessos, viabilizando situações de aprendizagens a partir deles. E é importante que ocorra a promoção dessas aquisições não só para o desenvolvimento pessoal do sujeito, mas para que toda essa gama de conhecimentos gerados esteja à disposição e a serviço de todos que fazem parte da comunidade escolar e dos que a cercam. O currículo também deve estar atento à diversidade, ser orientado para a inclusão de todos ao acesso dos bens culturais e do conhecimento, pois hoje a diversidade é recebida na escola – ainda que de forma inadequada e despreparada. Portanto, é necessário que o currículo atenda a todo tipo de diversidade.
Além das considerações sobre currículo, compreendemos que este, segundo Perrenoud (1995), abrange desde a sua formulação prescritiva – que vem de uma breve análise da realidade do processo educacional em um determinado contexto – até a as práticas orientadas por tal prescrição desenvolvidas no cotidiano da sala de aula. Também fazem parte do currículo todos os ensinamentos transmitidos de maneira subliminar – que não foram prescritos nem mesmo planejados de acordo com o currículo prescrito, mas que se desenrolam por meio de práticas e condutas influenciadas pela identidade docente. Portanto, o currículo compreende: currículo formal, currículo real e currículo oculto. A seguir, iremos abordar tais compreensões
sobre currículo.
sobre currículo.
- CURRÍCULO PRESCRITO OU FORMAL
Segundo Perrenoud (1995), o currículo formal controla de certa forma, o processo educativo em determinado contexto onde ele é utilizado como balizador das práticas pedagógicas cotidianas e da avaliação. Para ele:
[…] A cultura que deve ser concretamente ensinada e avaliada na aula é apenas balizada pelo currículo formal. Este apenas fornece uma trama, a partir da qual os professores devem elaborar um tecido cerrado de noções, esquemas, informações, métodos, códigos, regras que vão tentar transmitir.
(PERRENOUD, 1995, p. 42-43).
(PERRENOUD, 1995, p. 42-43).
Sendo assim, o currículo formal ou prescrito se constitui em documentos que irão orientar o desenvolvimento da educação em determinado ambiente, porém não a determinará. Exemplos disso são as Diretrizes Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos, elas direcionam o ensino para este determinado público, mas não determinam de fato como ele será realizado na prática. Outros exemplos são os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN´s), Projeto Político Pedagógico (PPP) de alguma jurisprudência ou instituição, a proposta curricular dos estabelecimentos de ensino, planos de aula e o projeto “Educando para a Liberdade”, que direciona as práticas educativas no sistema prisional do Brasil e da América Latina.
- CURRÍCULO REAL OU VIVIDO
Segundo Perrenoud (1995), currículo real é a forma como se concretiza no dia a dia o currículo prescrito. Por mais pormenorizado que seja, o currículo prescrito não consegue “programar” completamente tudo o que será realizado em sala de aula. Desta forma, cabe ao professor realizar uma manobra interpretativa que leve em consideração tudo o que a instituição prescreve (ainda que de forma vaga), bem como as preferências de seus alunos, suas próprias preferências e as limitações da instituição de ensino.
Contudo, esse currículo não se encerra na concretização do planejamento. Ele sofre a influência das reações e das iniciativas dos alunos, fazendo com que o professor, às vezes, tenha que ter o seu trabalho improvisado em sala de aula. Perrenoud (1995) afirma que:
[…] O currículo real nunca é a estrita realização de uma intenção do professor. As actividades, o trabalho escolar dos alunos escapa parcialmente ao seu controle, porque, no seu percurso didáctico, nem tudo é escolhido de forma perfeitamente consciente e, sobretudo, porque as resistências dos alunos e as eventualidades da prática pedagógica e da vida quotidiana na aula fazem com que as actividades nunca se desenrolemexactamente como estava previsto.
(PERRENOUD, 1955, p.51)
[…] O currículo real nunca é a estrita realização de uma intenção do professor. As actividades, o trabalho escolar dos alunos escapa parcialmente ao seu controle, porque, no seu percurso didáctico, nem tudo é escolhido de forma perfeitamente consciente e, sobretudo, porque as resistências dos alunos e as eventualidades da prática pedagógica e da vida quotidiana na aula fazem com que as actividades nunca se desenrolemexactamente como estava previsto.
(PERRENOUD, 1955, p.51)
Assim, Perrenoud (1995) indica que nem tudo se desenrola na sala de aula da forma que está no planejamento, pois no cotidiano da vida escolar, ocorre certa negociação entre professor e alunos. Os alunos possuem certo controle sobre o ritmo e a intensidade do trabalho do professor em sala e podem negociar a sua boa vontade, fazendo com que aumente o distanciamento entre o currículo prescrito e o
vivido.
vivido.
- CURRÍCULO OCULTO
Ocorre no cotidiano escolar uma série de situações de aprendizagens nas quais são interiorizados conhecimentos que não estão previstos e nem pretendidos anteriormente, ou explicitamente. A prolongada exposição dos alunos a esse ambiente de transmissão de conhecimentos implícitos implica que eles alcancem certos princípios de conduta, normas sociais e modos de pensar. Essas aprendizagens, que são apreendidas no domínio do não-dito, constituem-se nos conteúdos do currículo oculto ou escondido, como afirma Perrenoud (1995).
O professor, por meio do seu habitus, transmite saberes, valores, práticas e ideologias que não estão prescritos no currículo formal, mas são ensinados de forma implícita. Todavia, o currículo oculto não se manifesta somente por meio do habitus do docente, mas também “por todos aqueles aspectos do ambiente escolar que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito, contribuem, de forma implícita, para
aprendizagens sociais relevantes” (SILVA, 2003, p.78).
aprendizagens sociais relevantes” (SILVA, 2003, p.78).
Referências:
FONSECA, A.C. SILVA, M,C,B. EDUCAÇÃO PRISIONAL: ENTRE O PRESCRITO E O VIVIDO NA PENITENCIÁRIA DE SEGURANÇA MÉDIA II (PSME II) DO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DE VIANA, ES. Disponível em < www.espen.pr.gov.br/arquivos/File/Entre_o_prescrito_e_o_vivido_no_PSME_II.pdf > Acesso em 26 agosto 2012.
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